
A população de uma cidade do estado de Connecticut (mas poderia ser qualquer outra, como anuncia o narrador) está revoltada contra o assassinato de um querido pastor. O assassinato do reverendo é frio e brutal: tiro disparado em sua nuca, à queima-roupa, no início da noite, em movimentada rua da cidade. Seis testemunhas dizem ter presenciado o crime, mas a única evidência do autor é que ele usava chapéu preto e sobretudo também escuro. Como milhares de outros americanos.
Elia Kazan faz sua incursão pelo cinema noir quase em estilo documental, respeitando os cânones do gênero: fotografia noturna em preto e branco, gravação em interiores, o narrador, um crime, policiais que transitam sem rumo pelo submundo. Pressionada pelo poder público, a polícia prende um suspeito e O justiceiro ganha os rumos de filme no tribunal.
Dana Andrews está perfeito como o promotor em dúvida sobre a culpa do acusado, sua performance no tribunal, reconstituindo o crime como investigador perspicaz é perfeita. Revela as falhas da polícia, das testemunhas sugestionáveis, do sistema em busca de sustentação política, mesmo que para isto seja preciso condenar um inocente. Um filme para pensar sobre a justiça.
O justiceiro (Boomerang, EUA, 1947), de Elia Kazan. Com Dana Andrews, Jane Wyatt, Lee J. Cobb.