
O documentário/ficção começa com uma frase dita por uma narradora feminina sobre a tela negra: “A primeira imagem de que ela me falou foi a de três crianças na estrada, na Islândia, em 1965.” Vemos, em seguida, a imagem das três crianças, que retorna em mais dois momentos do filme.
A colagem do diretor, cuja arte pode ser entendida como a estética da montagem, trabalha com imagens filmadas na Europa, na Ásia e na África, amparadas por cartas da narradora/cinegrafista – ficção se intercalando às imagens documentais.
Os registros incluem rituais religiosos, imagens de opressão, cenas da natureza como um vulcão prestes a entrar em erupção, cotidianos de ruas de grandes cidades. São as memórias do viajante/documentarista Chris Marker, expostas de forma afetiva, às vezes amparadas pelas belas frases das cartas, outras vezes expressas no mais puro silêncio. Arrebatador, talvez seja a palavra para definir Sem sol.
Sem sol (Sans soleil, França, 1983), de Chris Marker.