So long, my son

O filme começa com o afogamento de Xingxing, uma criança, em um reservatório, nos anos 80. Ele não sabia nadar, mas foi incentivado pelo seu amigo Hao a entrar na água. Essa tragédia demarca a história de duas famílias, os pais das crianças, ao longo de três décadas. 

A narrativa traz fortes conotações políticas, acompanhando a evolução da China na visão dessas duas famílias e seu pequeno grupo de amigos. A política do filho único é o tema central, mas o desenrolar da trama aponta ainda a abertura econômica, que provocou desemprego principalmente entre os operários (os pais de Xingxing), a modernização das cidades e o consequente enriquecimento de uma camada da população (os pais de Hao). 

A montagem invertida é um dos grandes destaques de So long, my son. Presente e passado se intercalam, sem respeitar a cronologia dos acontecimentos. Os cortes secos, sem demarcação das passagens de tempo, exigem do espectador atenção especial para entender a história. Jingchun Wang e Mei Yong, os pais da criança afogada, conquistaram os prêmios de melhor ator e atriz no Festival de Berlim.  

So long, my son (Di Jiu Tianchang, China, 2019), de Wang Xiaoshuai . Com Jingchun Wang (Yaojun), Mei Yong (Liun), Qi Xi (Moli), Jiang Du (Hao), Liya Ali (Haiyan). 

Nadja em Paris

Neste curta documental, Éric Rohmer acompanha as andanças de Nadja, jovem estudante de ascendência iugoslava, pelas ruas de Paris. Ela está na cidade para desenvolver sua tese sobre Marcel Proust e suas caminhadas são pontuadas por narração em primeira pessoa, quando ela reflete sobre a cidade, as pessoas. 

É claro, Paris é a grande personagem do curta. A câmera passeia ao lado de Nadja por lugares icônicos: a Sorbonne, Quartier Latin, Montparnasse, Belleville, os cafés e parques, além de redutos famosos da cinefilia. É a câmera de Éric Rohmer como um flâneur pela cidade que esteve presente em diversos filmes ao longo de sua carreira, sempre refletida com o charme, a beleza e a sensibilidade próprias do olhar do cineasta. 

Nadja em Paris (Nadja à Paris, França, 1964), de Éric Rohmer.