
No fim do documentário, Agnès Varda leva JR, seu companheiro de jornada, à casa de Jean-Luc Godard. Ela marcara um encontro com o recluso cineasta, mas encontra a porta fechada. Na porta, um enigmático bilhete deixado por Godard. Tomada pelas lágrimas, Agnès Varda tenta compreender o gesto de seu amigo.
A inserção desta sequência, desconectada do restante do documentário, ajuda a entender a proposta da viagem empreendida pela cineasta Agnès Varda e pelo fotógrafo JR: buscar a potência da imagem através dos retratos de pessoas comuns colados em muros, paredes de casas, containers. Trata, portanto, do cinema.
Agnès Varda e JR exploram pequenas cidades da França a bordo de uma van equipada com dispositivos de fotografia. No caminho, fotografam os moradores, os trabalhadores. As fotos são ampliadas e coladas em espaços públicos.
Visages Villages encanta pela simplicidade das pessoas que posam. As fotos traduzem a poesia do cotidiano registradas pelo olhar sensível, carregado de humanismo, de dois grandes artistas. É o poder da imagem, da arte, capaz de colocar vida em containers de navios, em um bunker alemão abandonado em uma praia da Normandia.
Visages, Villages (França, 2017), de Agnès Varda e JR.