
A ficção científica de Michael Almereyda coloca de forma sensível, e um pouco cruel, aquilo que atormenta os humanos sem piedade: a passagem do tempo. Marjorie, de 86 anos, começa a sofrer com a perda da memória. Sua filha, Geena, e seu genro, Jon, tentam confortá-la com um Prime, equipamento que projeta um holograma de seu marido morto há 15 anos. A partir das longas conversas, destinadas a ajudar Marjorie em suas memórias, percebe-se que o Prime aprende e desenvolve também suas memórias.
À medida que o tempo passa e os protagonistas envelhecem, outros Primes entram em cena, em um primeiro momento confundindo o espectador sobre o real sentido de tudo. Pequenos flashbacks compõem, desnecessariamente, a trama. O que importa é a relação entre cada um e seus entes queridos, substituídos por uma ilusão aparentemente dotada de memórias afetivas. Marjorie Prime é sensível, afetivo, misterioso, cruel quando confronta Marjorie, Tess e Jon com a realidade implacável dos dias que escoam, com a vida que se desvanece como um apagar de telas.
Marjorie Prime (EUA, 2017), de Michael Almereyda. Com Lois Smith (Marjorie), Geena Davis (Tess), Jon Hamm (Walter), Tim Robbins (Jon).