Duas ou três coisas que eu sei dela

Juliette (Marina Vlady) é dona-de-casa, moradora de um novo conjunto habitacional na periferia de Paris. Para satisfazer seus sonhos de consumo (seu marido é um acomodado mecânico de carros, cujo hobby é sintonizar estações de rádio distantes), Juliette se prostitui durante as tardes. 

O filme é um dos marcos da passagem de Godard para um cinema abertamente experimental, deixando para trás o cinema de fluxo narrativo. Fragmentos de imagens icônicas, representativas da sociedade de consumo, se sucedem na tela quase como um break de intervalos comerciais. A famosa sequência do lava-jato coloca em evidência a estética publicitária, centrando o olhar do espectador no belo carro vermelho, enquanto as personagens transitam ao fundo, quase como coadjuvantes. 

“A prostituição de Juliette é uma caracterização geral da natureza dessa sociedade nascente: transformação de tudo e de todos em mercadoria. As rotas para a abstração – citações, monólogos, inserts, encontros e entrevistas – abertas pela narração no percurso da personagem exploram essa nova paisagem e situação humana.” – Leandro Saraiva. 

Duas ou três coisas que eu sei dela (Deux ou trois choses que je sais d’elle, França, 1966), de Jean-Luc Godard.

Referência: Godard inteiro ou o mundo em pedaços. Eugênio Puppo e Mateus Araújo (organização). Catálogo produzido pela Fundação Clóvis Salgado para a retrospectiva Jean-Luc Godard, exibida na Sala Humberto Mauro. 

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