Hanyo, a empregada

Essa aclamada produção sul-coreana, sucesso de bilheteria nos anos 60, influenciou a história de Parasita, de Bong Joon Ho. A trama, filmada quase integralmente em interiores, se passa entre uma escola e a casa do professor de música Dong Sik (Jin Kyu Kim). No começo, durante uma das aulas, ele é assediado por duas alunas. Uma delas é suspensa da escola, deflagrando um conflito entre o professor e suas alunas. 

No entanto, o verdadeiro conflito acontece quando o músico contrata Myung-Sook (Eu-Shim-Lee), uma jovem empregada, para ajudar sua esposa, grávida do terceiro filho. Myung-Sook começa a seduzir o patrão, revelando passo a passo seus planos diabólicos, nascidos de uma mente doentia. 

É um suspense aterrador (atenção para a sequência do possível envenenamento do filho caçula da família) que aborda a fria divisão de classes na Coréia. A obsessão sexual domina a narrativa em mais uma obra-prima deste ousado novo cinema dos anos 60. 

Hanyo, a empregada (Coreia do Sul, 1960), de Kim Ki-Young. 

Aloners

Jina (Gong Seung-Yeon), trabalha no centro de atendimento telefônico de uma empresa de cartão de crédito. Ela vive sozinha e evita qualquer tipo de relacionamento mais próximo, inclusive com seu pai. Considerada a melhor funcionária da empresa, sua chefe a incube de treinar uma nova atendende. Contra sua vontade, Jina aceita, mas não demonstra interesse nenhum na evolução da atendente. 

Aloners reflete o título: o grande tema do filme é a solidão em uma sociedade marcada pelas relações eletrônicas, frias. Jina passa seus dias aceitando e reforçando seu comportamento solitário. No entanto, a visão misteriosa de um fantasma no corredor do prédio onde ela mora pode traçar novos rumos. 

O grande momento do filme é um diálogo telefônico de um cliente que diz ter inventado uma máquina do tempo e precisa de um cartão de crédito que funcione em 2002. Questionado pela jovem atendente sobre porque ele deseja voltar a 2002, o cliente responde: por causa da Copa do Mundo Coreia/Japão, quando as pessoas se encontravam nas ruas, nos estádios, se abraçavam emocionadas. 

Aloners (Coreia do Sul, 2021), de Hong Sung-Eun. 

A vilã

A sequência inicial é de tirar o fôlego e digna de reverência ao atual cinema asiático: alguém entra em um prédio, a câmera em visão subjetiva mostra lutas coreografadas, personagens em sequência entram em combate e são trucidados passo a passo. No final, o espectador descobre que a assassina é Sook-hee, a vilã do título, em busca de vingança. 

Sook-hee foi treinada desde criança para ser assassina e seu passado esconde um trauma: ela assistiu ao assassinato do pai. Romance, ação, violência, sangue em profusão se misturam na trama à medida que a jovem trilha seu caminho de vingança. Flasbacks tentam elucidar a trama, mas a narrativa se mostra intrincado quebra-cabeça. Resta se entregar às impressionantes sequências de ação, com destaque para o longo ataque em visão subjetiva do início do filme. 

A vilã (Ak-Nyeo, Coréia do Sul, 2017), de Jung Byung-Gil. Com Kim Ok-Bin, Shin Ha-Kyun, Sung Jun.