Madre Joana dos Anjos

A partir dos anos 60, vários filmes se debruçaram sobre a vida enclausurada de freiras em conventos, abordando, principalmente, questões sexuais. O gênero ficou conhecido como nunsploitation, revelando obras audaciosas como Os demônios (1971, Ken Russell), A religiosa (1966, Jacques Rivette) e Viridiana (1961, Luis Bunuel).

Madre Joana dos Anjos transita pelo gênero, incluindo como princípio narrativo a possessão demoníaca. O Padre Suyrn chega a um convento para investigar um possível caso de possessão: Madre Joana dos Anjos diz estar possuída por oito demônios, nominados um a um por ela. As sessões de exorcismo são assustadoras, principalmente pelo fato da Madre se dizer feliz em estar possuída pois, assim, pode dar vazão aos seus desejos carnais. As outras freiras também celebram, dançando livremente no pátio do convento, em uma espécie de orgia.

A obra adapta o livro de Jaroslaw Iwaszkiewicz, por sua vez livremente inspirado em um caso real. Em 1634, num convento na França, um padre foi condenado à fogueira, acusado de bruxaria por freiras que estariam possuídas pelo demônio. Foram revelados várias ocorrências sexuais dentro do convento e o caso ficou conhecido como As possessões das Freiras de Loudun

Antecipando o clássico O exorcista (1973, William Friedkin), acontece a inversão, com o Padre abrigando os demônios. As sequências finais, Suryn com um machado nas mãos e confrontando a si mesmo são de estremecer até os mais incrédulos. 

Madre Joana dos Anjos (Matka Joanna Od Aniolów, Polônia, 1961), de Jerzy Kawalerowicz. Com Lucyna Winnicka (Madre Joana dos Anjos), Mieczyslaw Voit (Padre Josef Suryn), Anna Ciepielewska (Irmã Malgorzata).