O conto do caranguejo rei

A narrativa abre com um grupo de velhos amigos em um bar. A conversa gira em torno da história de Luciano, que deixa dúvidas entre a veracidade e a lenda. Um dos amigos, que diz tê-lo conhecido melhor, passa a narrar os fatos que transformaram esse personagem em uma espécie de mito nesta remota região da Itália. 

Luciano, filho de um importante médico da cidade, é cuidador de cabras e alcoólatra.  Certo dia, o príncipe fecha o portão de seu palácio, impedindo o acesso de Luciano ao caminho mais curto para pastorear seus animais. Revoltado, ele esmurra o portão até arrombá-lo, começando assim uma contenda com a aristocracia que termina de forma trágica. 

O filme se divide em duas partes. Na primeira, além da briga com o príncipe, Luciano tem um tórrido romance com Emma. Na segunda, após a tragédia que termina em morte, Luciano se exila em uma ilha da Argentina, na Terra do Fogo, em busca de um tesouro possivelmente escondido pelos piratas em um lago, habitat dos caranguejos. .  

O grupo de amigos no bar determina o tom da narrativa: os contos populares, as lendas folclóricas. A jornada de Luciano é marcada por paixão, defesa dos mais pobres diante da nobreza, tragédia que o transforma em um possível assassino, exílio em uma região cujos desafios são quase desumanos. Essa história repleta de reviravoltas aproxima o personagem dos famosos heróis consagrados pela poesia épica, pelo teatro, pela literatura e pelo cinema. Assim como em A odisséia, o filme segue os princípios clássicos que determinaram a narrativa dramática: a jornada do herói. 

O conto do caranguejo rei – The tale of king crab (Re Granchio Alessio Rigo de Righi, Itália, 2021), de Matteo Zoppis. Com Gabriele Silli (Luciano), Maria Alexandra Lungu (Emma), Severino Sperandio (Severino).