
O grande chefe (Direktøren for det hele, Dinamarca, 2006), de Lars Von Trier.
Lars von Trier propõe uma narrativa leve e descontraída, sem o peso estético e dramático de seus principais filmes, em uma comédia que destila críticas ao neoliberalismo empresarial. Ravn (Peter Gantzler) é o fundador e chefe de uma empresa de TI, especializada em jogos digitais, que se esconde dos seis funcionários que tem, todos com participação na empresa. Ninguém sabe que Ravn é o chefe, para todos, ele é o braço direito do verdadeiro dono, que nunca deu as caras. Decidido a negociar a empresa, Ravn contrata o ator Kristoffer (Jens Albinus) para assumir as transações.
A trama apresenta uma comédia de mal-entendidos que caminha para o trágico: se a empresa for vendida, todos ficam sem seus empregos. As relações profissionais e pessoais tomam rumos imprevisíveis e o ator começa a gostar da situação, acreditando que está desempenhando o grande papel da sua vida.
O polêmico diretor dinamarques usou nas filmagens a inovadora técnica Automavision: através de uma ferramenta, a câmera escolhe aleatoriamente os enquadramentos, motivando a imprevisibilidade e consequente improvisação dos atores. Jens Albinus, um dos protagonistas do subversivo Os idiotas (1998) surpreende com sua atuação caricatural, protagonizando o grande momento do final do filme, quando pretensamente sua arte é reconhecida.