Um casamento perfeito

O provérbio que abre a narrativa é “Qual o espírito que não divaga? Quem não constrói castelos na Espanha?” Quem divaga sobre castelos na Espanha é Sabine, estudante de arte, que, logo no início, tem uma desilusão amorosa com seu amante, um pintor casado. Ela decide então se casar, mesmo sem um pretendente. Quando o advogado Edmond, charmoso e livre, entra em cena, Sabine tem certeza de ter encontrado seu noivo. 

O centro da trama é Sabine, personagem que age motivada por seus desejos, mesmo sabendo da impossibilidade de realizá-los plenamente. A comédia dita o tom da narrativa, Sabine oscila entre atitudes ingênuas e impulsivas para conquistar Edmond e entre momentos de tristeza e depressão. É mais uma personagem da galeria de rostos fascinantes de Éric Rohmer, que vivem de encontros fortuitos na vida cotidiana das cidades, se deixando levar de forma despretensiosa, natural, pelos acasos. Em Um casamento perfeito esse acaso se manifesta de forma apaixonante na estrutura circular da narrativa: o início e o final com Sabine dentro de um trem. 

Um casamento perfeito (Le beau mariage, França, 1982), de Éric Rohmer. Com Béatrice Romand (Sabine), André Dussollier (Edmond), Arielle Dombasle (Clarisse), Sophie Renoir (Lise), Féodor Atkine (Simon). 

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