
O garoto selvagem (L’enfant sauvage, França, 1970), de François Truffaut.
A abertura do filme é assustadora. Um garoto (Jean-Pierre Cargol) que vive em um bosque no interior da França, em 1798, é perseguido por homens armados e por cães. O menino tenta se esconder em uma toca, os cães ladram na entrada, os homens ateiam fogo e jogam no interior para forçar o garoto selvagem a sair. Preso, ele passa por maus tratos, acorrentado, tratado como uma fera enjaulada.
O filme, baseado em relatos sociológicos do Doutor Jean Itard, conta uma história real. François Truffaut se interessou pelo projeto a ponto de interpretar o papel do Dr. Jean Itard, que adota o garoto (nomeado como Victor) e o leva para morar em sua casa de campo. A partir daí, a relação passa a ser de professor e aluno, pois a obsessão de Jean é ensinar Victor a falar e a se comportar em sociedade.
É mais um forma de opressão, pois após doze anos vivendo solitário na natureza, Victor tem dificuldades quase incontornáveis, além de se recusar a obedecer, com comportamentos às vezes violentos. O garoto selvagem é um estudo social e psicológico que aborda esse contraste violento que marcou os conflitos entre os homens civilizados, dominadores, e os ditos selvagens.