Pérolas das profundezas

A cineasta Vera Chytilová

Pérolas das profundezas (Perlicky na dne, República Tcheca, 1965), de Jiri Menzel, Jan Nemec, Evald Schorm, Jaromil, Vera Chytilová. 

Durante a New Wave Tcheca, cinco integrantes do movimento se uniram na realização de Pérolas das profundezas, filme composto por cinco curta-metragens. As narrativas seguem os estilos próprios de cada realizador, em comum, a crítica social e política demarcada na filmografia deste período no país, dominado pelo autoritário e repressor regime comunista.  Os cinco curtas são baseados em contos do escritor Bohumil Hrabal. 

A morte do Sr. Baltazar, de Jiri Menzel. O curta de produção mais elaborada segue um casal em seu carro rumo a uma corrida de estrada. Enquanto o casal assiste à disputa, os personagens se cruzam: pilotos, moradores de beira de estrada, espectadores que se deleitam com possíveis acidentes, o que acontece com Balthazar. 

Impostores, de Jan Nemec. Dois homens idosos dividem o mesmo quarto no hospital, ambos estão próximos da morte. Os dois fazem uma espécie de disputa de criação de personagens, inventando histórias fictícias sobre a vida de cada um. Um deles, afirma que foi um cantor de ópera, o outro, um jornalista de sucesso. Os diálogos determinam a convicção sobre a realidade da vida que inventaram. 

Casa da Alegria, de Evald Schorm. A história de um artista que passa todo o tempo pintando as paredes de sua casa beira o surrealismo. Dois corretores de seguros visitam o pintor, que mora com a mãe, com intenção de vender apólices para eles. Os dois são guiados pelos cômodos. Admirados pela arte expostas em cada canto, se esquecem até mesmo do motivo da visita, enquanto o pintor e a mãe empreendem uma disputa verbal agressiva.

No café do mundo, de Vera Chytilová. O filme é um deslumbrante exercício estético da consagrada diretora tcheca. Uma recepção de casamento acontece na cafeteria e os convidados se entregam ao idílio do momento. A sequência do casal correndo em câmera lenta na chuva e na escuridão é o destaque da narrativa: a fotografia em preto e branco, a chuva, a jovem ainda com seu vestido de noiva. Surrealismo e fantasia se misturam neste deslumbre cinematográfico. 

Romance, de Jaromil Jires. Um jovem da classe operário conhece uma garota cigana que se prostitui. Após o encontro sexual, o jovem se apaixona e os dois começam um intenso relacionamento, aflorando os preconceitos sociais.

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