Pérola

Depois de O beijo no asfalto, O ator/diretor Murilo Benício se debruça mais uma vez sobre uma peça teatral em sua segunda direção cinematográfica. Pérola é baseado na obra de Mauro Rasi que transpôs para os palcos as memórias de suas relações familiares em Bauru, centradas na personalidade forte, divertida e briguenta de sua mãe. 

O filme alterna momentos de pura comédia, retratando o cotidiano dessa família de classe média dos anos 70 aos 90, lideradas por Pérola, cujo sonho é ter uma piscina em sua casa. Entre caipirinhas, caipivodkas e diversos outros drinks, a família se diverte e briga. O olhar de Mauro em sua família é carregado de ternura e, muitas vezes, agressividade, pois suas escolhas profissionais no mundo da escrita são combatidas com veemência pela mãe. 

O filme, claro, é de Drica Moraes. Mas uma vez a atriz destila talento em um papel carregado de irreverência, humor e melodrama. O final é enternecedor, nos faz lembrar com saudades dos bons momentos em família (sem o excesso de caipirinha, claro). 

Pérola (Brasil, 2023), de Murilo Benício. Com Drica Moraes (Pérola), Leonardo Fernandes (Mauro), Cláudia Missura (Tia Norma), Rodolfo Vaz (Vado). 

Jaime

Jaime (Bélgica, 2022), de Francisco Javier Rodriguez. 

Jaime é um homem de 31, 32 anos (ele alterna sua idade) que passou grande parte da vida em uma instituição psiquiátrica, após incendiar a própria casa. Ele despeja para a câmera, em uma conversa presumivelmente com um entrevistador, seus pensamentos e desejos confusos, versando sobre Deus, a mãe que o espancava quando criança, os cachorros, super poderes que possui…

O premiado média-metragem de Francisco Javier Rodriguez é um retrato inquietante da mente do protagonista que transita indistintamente entre imaginação e realidade, entre falas e pensamentos que se concretizam para o espectador. Com um soberba atuação de Guy Dessent, o inesperado final confunde mais ainda o espectador, abrindo as brechas para as surpreendentes revelações da mente humana.