
Cupido não tem bandeira (One, two, three, EUA, 1961), de Billy Wilder.
Billy Wilder declarou que faria a comédia mais acelerada de todos os tempos. A narrativa se passa em Berlim, às vésperas da construção do Muro de Berlim. C. R. MacNamara é um executivo da Coca-Cola, responsável por distribuir o refrigerante no leste europeu. Ele recebe um pedido inusitado, que para ele soa como ordem, de Hazeltine, seu superior em Atlanta: cuidar de Scarlett, sua filha recém saída da adolescência, que deseja passar duas semanas em Berlim. As duas semanas se transformam em dois meses, pois Scarlett se apaixona por Piff, um comunista radical da Berlim Oriental.
As gags, realmente em ritmo acelerado, se sucedem com MacNamara tentando esconder o caso dos jovens amantes do pai capitalista. Perseguições de carros, corridas a pé pelas duas Berlins para desfazer mal-entendidos, uma série de coadjuvantes que entram e saem de forma hilária, três comunistas corruptos e, o ponto forte do filme: os diálogos.
A farsa do casamento no final do filme coloca MacNamara, James Cagney em seu melhor estilo, disparando ordens, corrigindo erros, ironizando comunistas e capitalistas, num ritmo frenético, uma verdadeira metralhadora verbal. Várias cenas tiveram que ser repetidas diversas vezes, pois a extensão e o ritmo veloz das falas confundia o ator. É o último filme de James Cagney como protagonista, uma despedida desta lenda de filmes de gangsters.
Elenco: James Cagney (MacNamara), Horst Buchholz (Piff) , Pamela Tiffin (Scarlett), Arlene Francis (Phyllis MacNamara), Howard St. John (Wendell Hazeltine).