
Os artistas sob a cúpula do circo (Die artisten in der zirkuskuppel: ratlos, Alemanha, 1968), de Alexander Kluge.
“A utopia fica cada vez melhor enquanto esperamos por ela”. A frase define a jornada de Leni Peickert (Hannelore Hoger), filha de um dono de circo que morre em um acidente no trapézio. Ela herda o circo e empreende uma luta para inovar a arte circense, com apresentações que misturam entretenimento e, ao mesmo tempo, motivam reflexões sociais, políticas e culturais. Leni representa a juventude utópica que tentou mudar o mundo nos anos 60 e fracassou – Leni vive de empréstimos para realizar seu sonho, vai à falência e resolve trabalhar na televisão (a derrocada das utopias diante do sistema capitalista).
O filme experimental de Alexander Kluge é uma fascinante mescla de ficção, documentário, cenas gravadas em circos, depoimentos para a câmera, colagem de imagens, uma narração poética em off; tudo montado de forma fragmentada, apresentando personagens e situações que se interligam de forma dispersa. A ousadia do diretor Alexander Kluge, integrante do novo cinema alemão, conquistou o Leão de Ouro de Melhor Filme no Festival de Veneza e foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.