
Em sua atuação como crítico, Peter Bogdanovich se consagrou com análises sobre o cinema clássico americano, com destaque para um livro e um documentário sobre seus autores favoritos: Orson Welles e John Ford. Essa pequena é uma parada (1977) é seu filme mais referencial desse cinema que o fascinava. A trama é uma mescla da comédia screwball que junta casais atrapalhados em situações nonsense com os thrillers policiais que resultam em perseguições de carros de tirar o fôlego.
O filme começa com um homem resgatando uma maleta xadrez com documentos secretos. Corta para o musicólogo Howard Bannister entrando em um táxi com uma maleta igual. Corta para Judy caminhando pelas ruas de São Francisco com aparentemente a mesma maleta. Corta para uma senhora entrando em um hotel com outra maleta xadrez.
Esses personagens, e mais uma série de coadjuvantes atrapalhados, se hospedam no mesmo hotel e no mesmo andar, provocando sequências cômicas de trocas das maletas. Judy é a principal propulsora de todas as confusões, com suas atitudes irreverentes, debochadas, subversivas, enquanto inicia um romance com o apalermado Howard.
Tudo termina em uma espetacular e hilária sequência de perseguição de carros a uma bicicleta pelas ruas de São Francisco, bem ao estilo Bullit (1968), com Steve McQueen. Em seu início de carreira como diretor, o crítico Peter Bogdanovich coloca todo o seu conhecimento de cinema a serviço de uma direção primorosa e sensível, deixando seus atores tomarem contas das cenas meticulosamente roteirizadas e planejadas para criar uma das grandes comédias da Nova Hollywood.
Essa pequena é uma parada (What’s up, Doc?, EUA, 1977), de Peter Bogdanovich. Com Barbra Streisand (Judy), Ryan O’Neal (Howard Bannister), Madeline Kahn (Eunice Burns), Kenneth Mars (Hugh Simon), Austin Pendleton (Frederick Larrabee).
