
Harry Dean Stanton: em parte ficção (Harry Dean Stanton: partly fiction, Suiça, 2012), de Sophie Huber.
O diretor Wim Wenders comenta para o documentário que, quando pensou em Harry Dean Stanton (1926 / 2017) para o papel principal de Paris, Texas (1984), se viu diante de um ator que “esteve nos cinemas por cerca de 30 anos e nunca foi o protagonista”.
O documentário de Sophie Huber se debruça sobre a carreira do enigmático ator e cantor de músicas folk. A narrativa trabalha com colagem de imagens, trechos das centenas de filmes das quais participou, gravações de Harry em sua casa e no bar que frequentou durante toda a vida e, para completar, depoimentos de importantes profissionais do cinema americano: David Lynch, Wim Wenders, Kris Kristofferson, Sam Shepard, Kris Kristofferson, Debbie Harry.
Entre depoimentos e colagens, Harry Dean Stanton interpreta canções que, de certa forma, têm relação com a sua história. Ainda segundo Wim Wenders, o grande mérito de Harry como ator foi interpretar ele mesmo: “Harry se permitiu ser bem vulnerável naquele papel e nos deixou olhar para a sua alma. E Harry é frágil. Harry é vulnerável. As pessoas não estão acostumadas com um protagonista que se abre tanto. Acho que Harry tocou o coração de muita gente, porque ele ousou ser frágil.”
Perguntado pela diretora do documentário sobre como se preparou para o papel de Travis (Paris, Texas), seu mais aclamado personagem, Harry Dean Stanton respondeu: ““Ele não fala durante cerca de meia hora do filme. Então eu não fiz nada. Eu não me preparei, só não falei. Não dizer nada é um posicionamento impactante. Não falar. Ficar em silêncio. O silêncio é muito poderoso.”