Adorável vagabundo

Adorável vagabundo (Meet John Doe, EUA, 1941), de Frank Capra.

A jornalista Ann Mitchell recebe, logo pela manhã, a notícia de sua demissão do jornal em que trabalha. O diário foi adquirido por um novo proprietário, o milionário D. B. Norton (Edward Arnold), e passará por reestruturações administrativas e editoriais. 

Antes de deixar a redação, Ann escreve e publica na edição do dia uma carta em nome de John Doe (João Ninguém). A carta anuncia o suicídio do autor, em protesto contra a situação do país, assolado por corrupção, desemprego e injustiças sociais (a grande depressão): na véspera do natal, John Doe diz que vai pular do último andar do edíficio onde funciona o jornal. 

O melodrama de Frank Capra aborda um tema importante na carreira do diretor: as condições de vida precárias do cidadão comum, atingido pela situação econômica e política dos EUA. O diretor tece ainda uma crítica contundente à mídia que se aproveita dessas mazelas para “vender” notícias.

A carta causa uma comoção nacional e Ann convence o novo proprietário do jornal a achar entre os milhões de desempregados alguém que personifique John Doe. John Willoughby (Gary Cooper), ex-jogador de beisebol, desempregado e faminto, é o escolhido. Ann é recontradada e fica responsável por escrever reportagens e cartas do falso John Doe – cujo único objetivo é ganhar dinheiro para tratar de sua contusão e voltar para o esporte.

Assim como em A montanha dos sete abutres (1951), de Billy Wilder, “os abutres”, expressão usada pelo Coronel (Walter Brennan), se juntam ao redor de John Doe, todos em busca de vantagens. A reviravolta acontece quando D. B. Norton resolve se beneficiar politicamente da farsa. 

O final, no alto do edifício, é um primor de enquadramento, demonstrando a capacidade de narrativa visual dos mestres do cinema clássico americano: John Doe/Willoughby, prestes a saltar para a morte, observa, de um lado, Norton e seus asseclas; do outro, cidadãos que seguiram fielmente suas mensagens de fé e esperança. O olhar triste e amargurado de Willoughby é a expressão dessa sociedade eternamente injusta. 

Elenco: Gary Cooper (John Doe), Barbara Stanwyck (Ann Mitchell), Edward Arnold (D. B. Norton), Walter Brennan (O coronel), James Cleason (Henry Connell).

A cicatriz

A cicatriz (The scar, EUA, 1948), de Steve Sedely.

Um encarregado do presídio lê o dossiê do prisioneiro John Muller (Paul Henreid) que está prestes a deixar a prisão: “Universitário. Faculdade de Medicina. Especialidade: Psicologia, transtornos mentais. Quatro anos de prática. Interrompe seus estudos de repente. Pratica a psicanálise sem licença em Miami, Flórida. Vende ações de poços de petróleo inexistentes em Cincinnati. É detido em Middleton por roubo de lista de nomes de uma empresa. Condenado e preso.”

A abertura anuncia um tema comum em filmes policiais: homens com mentes brilhantes, geralmente com amplos conhecimentos de psicologia, que enveredam pelo crime, como o clássico Dr. Mabuse (1922), de Fritz Lang. O primeiro ato de John Mulher em liberdade é reunir seus antigos comparsas para roubar um cassino. O roubo dá errado, eles são reconhecidos e passam a ser caçados e mortos um a um pelo proprietário, um gangster sanguinário. 

John Muller foge para uma cidade pequena e a narrativa ganha um contorno inesperado. Ele descobre que tem um sósia, o Dr. Bartok, psicanalista, cuja única diferença é uma cicatriz na face direita. O verdadeiro tema do filme é revelado: o duplo. Muller mata seu sósia e assume o consultório do doutor. Para se igualar ao médico, Muller mutila seu rosto, no entanto, faz a cicatriz na face esquerda. A ironia é que nem mesmo sua amante Evelyn (Joan Bennett), secretária do Dr. Bartok, percebe que a cicatriz está do lado inverso.

A cicatriz é uma pérola esquecida do cinema noir, produzida bem ao estilo dos filmes B pelo ator Paul Henrich, famoso pelo papel de Viktor Lazlo em Casablanca (1942). A narrativa se aproveita, por meio de um roteiro instigante, de complexos estudos psicanalíticos. 

Os dois não se parecem apenas fisicamente, ambos têm mentes brilhantes no ramo da psicanálise. Um deles é criminoso e o outro um honrado e respeitado médico, o bem e o mal coexistem, assim como em histórias de duplos. O final surpreendente revela que John Muller e o Dr. Bartok têm mais coisas em comum.

Sem piedade

Sem piedade (Senza pietà, Itália, 1948), de Alberto Lattuada.

Itália, final da Segunda Guerra Mundial. Angela (Carla Del Poggio) está em um vagão de trem como clandestina Ela ruma para Livorno, onde espera reencontrar o irmão. Ao lado do trem, acontece uma perseguição e o foragido salta para o vagão. Jerry (John Kitzmiller) um soldado norte-americano negro também entra e é atingido por tiros. Angela socorre o soldado, cuidando dele até a próxima estação. 

A polícia envia Angela para um abrigo, sob a jurisdição de freiras, onde também está Marcella (Giulietta Masina). As duas ficam amigas e, após uma rebelião, fogem e começam uma jornada pela sobrevivência, se envolvendo com mafiosos, cafetões e a marginalidade da cidade. Jerry e Angela se reencontram e o soldado, movido por uma paixão quase obsessiva, resolve cuidar de Angela, enfrentando os perigos desse submundo da sociedade. 

Alberto Lattuada começou a filmar Sem piedade em 1942, durante a ocupação nazista na Itália. O filme conta com a participação decisiva de Federico Fellini, como roteirista e assistente de direção. 

Sem piedade é um dos grandes representantes do neorrealismo italiano, expondo com crueldade as consequências da guerra, principalmente no tocante às pessoas e instituições que exploram a miséria e a degradação da população, principalmente das mulheres. O relacionamento inter-racial entre Jerry e Angela demonstra a ousadia dos realizadores italianos num contexto social e político ainda demarcado pelo fascismo. O final trágico também é uma marca do movimento: não há esperança para os miseráveis sobreviventes nesta sociedade em ruínas. 

Dias de ira

Dias de ira (Vredens dag, Dinamarca, 1943), de Carl Dreyer.

Em uma vila dinamarquesa no início de 1600, a jovem Anne (Lisbeth Movin) é casada com o idoso pastor Absalon (Thorkild Roose). Um passado atormenta a relação do casal: a mãe de Anne foi considerada bruxa, mas o caso foi encoberto por Absalon, assim ele poderia desposar a jovem. O filho de Absalon retorna a casa e se apaixona por Anne, dando início a um ousado e perigoso romance. 

Os horrores da inquisição rondam a Europa e Marte (Sigrid Neiiendam), uma idosa, é acusada de bruxaria, torturada e condenada à morte no fogueira.  Marte, conhecedora do passado, ameaça Absalon: se o pastor não a salvar da morte, o clero será informado do acobertamento.

Dias de ira foi responsável pelo exílio do diretor Carl Dreyer. O filme foi produzido e exibido durante a ocupação nazista na Dinamarca, que aderiu ao regime de Hitler pacificamente. A sequência da tortura de Marte, acompanhada com um sádico interesse pelos clérigos é um dos grandes momentos de terror psicológico do cinema. A inquisição delegava aos religiosos, homens, o poder de aplicar o “dia da ira de Deus”. Os nazistas entenderam o recado do mestre Carl Theodor Dreyer.  

A incrível Suzana

A incrível Suzana (The major and the minor, EUA, 1942), de Billy Wilder.

No primeiro ato da narrativa, Susan Applegate (Ginger Rogers) está na estação de trem já disfarçada de uma criança de doze anos. Ela está sem dinheiro para pagar o bilhete cobrado para adultos no trem – com o disfarce ela pode pagar meia entrada e voltar para casa, abandonando a vida sem perspectivas que leva em Nova York. Susan espreita uma mãe e dois filhos em frente a uma banca de revistas. O menino pega uma revista de cinema e lê o título na capa: “Porque odeio as mulheres, de Charles Boyer.”

Segundo o crítico e historiador de cinema Neil Sinyard a inserção dessa frase aparentemente sem sentido na história nasce de um conflito entre Billy Wilder e o ator Charles Boyer. Billy Wilder, junto com Charles Brackett, estava escrevendo o roteiro de A porta de ouro (1941), dirigido por Mitchell Leisen e protagonizado por Charles Boyer. No filme, Boyer interpreta um gigolô romeno que fica preso no México. Em uma entrevista com o oficial de imigração, seu visto de entrada nos EUA é negado. Ele volta para seu quarto no hotel e precisa interpretar uma das cenas favoritas escritas por Billy Wilder para o filme: há uma barata no quarto e Boyer começa a conversar com ela, repetindo com ironia as perguntas feitas pelo oficial de imigração. 

O filme estava sendo rodado, mas os roteiristas ainda não haviam terminado o roteiro. Wilder se encontrou com Charles Boyer no set e perguntou, “Você já gravou a cena da barata?”, Boyer disse: “Nós tiramos essa cena. Um ator não fala com baratas”. 

“Wilder ficou furioso. Ele voltou ao escritório, contou a Brackett o que havia acontecido e perguntou: ‘Quanto tempo falta para terminar esse roteiro?’ ‘Uns vinte minutos’, respondeu Brackett. E Wilder disse: ‘Certo. Se ele não vai falar com baratas, não vamos deixá-lo falar com mais ninguém.’ E se você já viu o filme, por 90 minutos ele não para de falar e, de repente, ele para de falar nos últimos vinte minutos. Há um momento em que tenta falar algo e outro personagem o manda sentar e calar a boca. Acho que Wilder ainda não havia perdoado Boyer em A incrível Suzana.” – Neil Sinyard

Após a cena da revista, Susan embarca no trem disfarçada de criança e é descoberta pelos responsáveis por conferir os bilhetes. Ela corre pelos vagões e se refugia em uma cabine, onde é surpreendida pelo Major Philip Kirby (Ray Milland), homem já perto dos 40 anos de idade. 

A comédia de Billy Wilder, sua estreia como diretor em Hollywood, progride em uma série de pequenos conflitos que colocam em risco o disfarce de Susan e a aproxima cada vez mais do major. Susan é levada pelo major para a academia militar, onde provoca um rebuliço entre os cadetes mirins. 

A incrível Suzana é um dos filmes mais ousados de Billy Wilder, chega a ser difícil acreditar que foi realizado em plena vigência do Código Hays em Hollywood. O major Phillip Kirby claramente fica interessado em Susan, para ele, uma criança de doze anos. Outro ponto polêmico é que Susan também se relaciona furtivamente com os meninos da academia, provocando o desejo deles. Em uma cena, um dos garotos tenta beijá-la, em outras, dançam com ela no baile de forma sugestivamente erótica. É o contrário, uma mulher de cerca de 30 anos, provocando, mesmo que sem intenção, garotos. 

Tudo fica por conta da sugestão, das intenções não concretizadas. É importante destacar outra ousadia de Billy Wilder: é um dos importantes filmes cujo protagonismo é inteiramente de uma mulher, Ginger Rogers, numa época em que os atores interpretavam todos os papéis fortes nos filmes. Ray Milland é quase um coadjuvante, fazendo um militar abobado e dominado pela sua noiva Pamela Hill (Rita Johnson). O arco da narrativa é direcionado por Susan que provoca e tem que resolver os conflitos. É uma personagem forte e decidida que se diverte com as situações criadas exatamente porque sabe que está no controle de um mundo comandado pelos homens – a academia militar. 

O final na estação de trem, à noite (como os cineastas de Hollywood souberam fazer belos finais em estações de trem) é o momento da revelação, que acontece de forma sutil. As máscaras finalmente caem depois de um diálogo e olhares sugestivos.  

Referência: Extras do DVD A arte de Billy Wilder, Versátil Home Vídeo.

O diabo disse não

O diabo disse não (Heaven can wait, EUA, 1943), de Ernst Lubitsch.

O rico e aristocrático Henry Van Cleve (Don Ameche) morre aos 70 anos. Em seu caminho para a eternidade ele é recebido por Sua Excelência O Diabo, Henry tem certeza que deve pagar por seus pecados de forma cruel.

O diabo disse não é uma deliciosa comédia de Ernst Lubitsch, o mestre do gênero no cinema clássico hollywoodiano. Lubitsch conseguia tratar com leveza e bom humor as situações mais dramáticas, como nesta história marcada por abandono dos pais, adultério, frustrações nos relacionamentos amorosos e morte. 

O próprio Henry conta sua história ao diabo, tentando mostrar que não merece ir para o reino dos céus. Foi um jovem relapso na escola, só se interessando pelas meninas, passou a juventude em noitadas, aproveitando o dinheiro dos país sem se preocupar com trabalho. A vida de Henry muda quando conhece Martha (Gene Tierney), noiva de seu primo. Os dois se apaixonam e, nessa mesma noite, durante a festa de noivado, fogem, provocando um escândalo na família. 

Durante cerca de 30 anos, o relacionamento do casal é marcado pelas idas e vindas, frustrações e incertezas diante do relacionamento que se esperava para a vida inteira. A abordagem revela muito da ideologia de Hollywood, cujos filmes, amparados pelo Código Hays, aceitavam e perdoavam atitudes machistas e dominadoras dos homens, enquanto às mulheres cabia perdoar e voltar para os braços dos maridos. Atenção para a cena no início do filme quando o diabo abre o alçapão, jogando uma senhora no inferno porque ela não tem mais pernas bonitas.

O pecado de Cluny Brown

O pecado de Cluny Brown (Cluny Brown, EUA, 1946) é o último filme dirigido por Ernst Lubitsch. O diretor marcou o cinema clássico americano com suas comédias e se consagrou por uma marca conhecida por “toque Lubitsch” que influenciou outros grandes nomes do cinema, principalmente Billy Wilder.

Cluny Brown (Jennifer Jones) é uma jovem de classe baixa, irreverente, ingênua e atrevida que, após protagonizar uma hilária intervenção em uma aristocrática festa londrina, é enviada por seu tio para trabalhar em uma suntuosa casa de campo no interior da Inglaterra. Como empregada, ela reencontra o refugiado escritor theco Adam Belinski (Charles Boyer) – a narrativa se passa às vésperas da Segunda Guerra Mundial. Os dois passam por um relacionamento marcado pela irreverência de ambos e por situações de confronto com a conservadora e preconceituosa sociedade inglesa. 

Um dos grandes momentos do filme é quando Cluny Brown é apresentado ao casal Carmel, donos da residência. Confundida com uma ilustre visitante, Cluny é tratada com regalias durante o chá até que se anuncia como a nova empregada. A reação do casal, evidenciada pela sutileza visual do “toque Lubitsch”, demarca o grande tema dessa comédia recheada de críticas sociais. 

Que se faça luz

Que se faça luz (Let there be light, EUA, 1980), de John Huston.

Durante a Segunda Guerra Mundial, cinco grandes diretores de Hollywood embarcaram para a Europa: John Huston, William Wyler, John Ford, George Stevens e Frank Capra.  O objetivo era participar do esforço de guerra, documentando os combates no continente europeu.  A série Five came back narra a odisseia dos diretores e traz depoimentos de importantes cineastas contemporâneos sobre o processo e as obras documentais criadas sobre a guerra.

O documentário Que se faça luz, filmado em 1946, se destaca devido à temática e às polêmicas suscitadas. John Huston visitou hospitais psiquiátricos e coletou depoimentos de veteranos da guerra que enfrentavam transtornos psicológicos devido às experiências em frentes de combates. A partir dos anos 70, a doença foi denominada de transtorno do estresse pós-traumático. 

John Huston contou com a colaboração de médicos e pacientes, que permitiram que algumas sessões fossem gravadas, incluindo práticas de hipnose. O que se vê nas telas é um retrato doloroso e cruel dos traumas causados pela guerra, não permitindo, às vezes, a reintegração dos soldados à sociedade e à vida familiar.

O governo americano considerou o documentário impróprio para veiculação, alegando que mostrava a condição dos soldados de forma desmoralizante. O filme foi censurado durante mais de 40 anos, ganhando uma restauração em 1980, quando finalmente veio a público como uma contundente denúncia da guerra e seus efeitos permanentes.

Em nome da lei

Em nome da lei (Itália, 1949), de Pietro Germi.

O diretor Pietro Germi, nome menos referenciado do aclamado cinema neorrealista italiano, faz uma incursão pelo gênero do faroeste (as influências de John Ford estão presentes na obra), ambientando a trama na Sicília do início do século XX. O juiz Guido Schiavi chega a uma pequena cidade controlada pelo Barão Vasto e pela máfia. Os mafiosos substituem a justiça, cobrando para proteger os nobres da cidade. O juiz, de apenas 26 anos, tem ideais humanistas e justos e tenta impor a lei, se defrontando de forma perigosa com os poderosos que controlam a região com violência, praticando assassinatos impiedosos.  

O estilo neorrealista de Em nome da lei é demarcado por algumas características comuns ao movimento: a forte crítica social, retratando uma população miserável e faminta subjugada de forma violenta pelo barão e pela máfia; a narrativa linear, demarcada pela bela fotografia em preto e branco que destaca a aridez e a miséria da ilha; o sentimentalismo, quase melodramático do drama social, com direito a uma história de amor entre os protagonistas Guido e Teresa. O final, após um assassinato triste e doloroso, imprime uma certa esperança pela continuidade da luta por justiça social. 

Elenco: Massimo Girotti (Guido Schiavi), Charles Vanel (Massaro Turi), Jone Salinas (Baronesa Teresa), Camillo Mastrocinque (Barão Vasto), Bernardo Indelicato (Paolino). 

Angelina, a deputada

Quando Luigi Zampa realizou Angelina, a deputada (L’onorevole Angelina, Itália, 1947), o neorrealismo italiano estava em sua melhor fase e comprova que trabalhar com atores não-profissionais não era uma marca do movimento. Anna Magnani interpreta Angelina, moradora de uma favela de Roma que passa a liderar as mulheres em uma cruzada contra a fome e a falta de habitação. Sua liderança ganha as manchetes dos jornais e incomoda os magnatas imobiliários quando os moradores da favela ocupam um prédio em construção. 

A luta de classes e a miséria, incluindo crianças famintas, é o tema do filme. As moradoras da favela formam um partido e tentam convencer Angelina a se lançar deputada. A narrativa tem um forte teor feminista, as mulheres é que vão à luta, enquanto seus maridos são retratados como ociosos, com sugestões inclusive de violência doméstica. 

O final do filme resvala para a esperança, sugerindo uma união entre um dos magnatas imobiliários e os membros da favela. No entanto, a sequência final, que em estrutura circular, recria o movimento da abertura derruba esse sentimento. No início, a câmera entra na casa de Angelina, percorrendo os cômodos onde dormem os cinco filhos até enquadrar Angelina e seu marido na cama, discutindo sobre as precariedades econômicas que levam à incerteza de alimentação da família no dia seguinte. No final, a câmera enquadra o casal discutindo o mesmo assunto do início e a câmera, em movimento contrário, percorre os ambientes até sair da casa.