Quando o galo cantar pela terceira vez renegarás tua mãe 

Inácio tem perturbações psicológicas e assume o trabalho de porteiro em prédio na zona sul carioca após a morte de seu pai. Ele mora com a mãe Zaira no mesmo prédio. Na portaria, Inácio passa o tempo bisbilhotando os moradores através das câmeras, até que sente atração por um dos moradores. 

O título do filme é baseado em uma frase do conto Feliz aniversário, de Clarice Lispector. A narrativa centra o foco no conflito violento entre Inácio e sua mãe. O filho não aceita a morte do pai e despeja sua raiva na mãe que, por sua vez, responde de forma abusiva e também violenta. A trama do filme é previsível e  irreverente montagem final elucida fatos para o espectador. A força está mesmo na interpretação visceral de Fernando Alves Pinto.

Quando o galo cantar pela terceira vez renegarás tua mãe (Brasil, 2017), de Aaron Salles Torres. Com Fernando Alves Pinto (Inácio), Catarina Abdalla (Zaira), Tião D’Ávilla (Guilherme), Lucas Malvacini (Antonio). 

Os 7 de Chicago

Em 1968, grupos distintos se reuniram em Chicago, durante a Convenção Nacional Democrata, para protestar contra a guerra do Vietnã. Durante os protestos, algumas pessoas foram acusadas de insuflar os manifestantes, provocando tumultos e confrontos com a polícia. Foram presos dezenas de pessoas, após as investigações, oito homens foram à julgamento (durante o julgamento, um integrante dos Panteras Negras foi liberado por falta de evidências). 

Nas mãos do premiado roteirista e diretor Aaron Sorkin (A rede social) os fatos e o julgamento ganham ritmo de thriller à medida que os depoimentos se sucedem. Flashbacks reconstituem os protestos a partir de cada ponto de vista, embaralhando os fatos que poderiam elucidar as lideranças que supostamente provocaram a violência durante as manifestações do dia 28 de de agosto de 1968, que reuniram cerca de 15 mil pessoas. 

A intrincada narrativa provoca reflexões importantes na esfera político-social e também no campo jurídico. Assim como o espectador, membros do júri se sentem cada vez mais incertos diante da alternância de pontos de vista, provocados até mesmo por interesses políticos pessoais de ambos os lados. Por fim, é também uma reflexão sobre o exercício de fazer cinema, afinal, a força dramática de um filme está diretamente ligada ao ponto de vista escolhido para narrar a história. No caso de Os 7 de Chicago, pontos de vista. 

Os 7 de Chicago (The trial of the Chicago 7, EUA, 2020), de Aaron Sorkin. Com Yahya Abdul-Mateen II (Bobby Seale), Sacha Baron Cohen (Abbie Hoffman), Joseph Gordon-Levitt (Richard Schultiz), Eddie Redmayne (Tom Hayden), Jeremy Strong (Jerry Rubin), Mark Rylance (William Kunstler) .