A felicidade das coisas

A felicidade das coisas (Brasil, 2021), de Thais Fujinaga, foi feito em parceria com a cultuada produtora Filmes de Plástico e foi escolhido como o melhor longa de estreia na Mostra de Cinema de São Paulo. Paula (Patricia Savay) está passando a temporada de férias com sua mãe e seus dois filhos (ela está grávida do terceiro filho) em uma cidade litorânea de São Paulo. Ela aproveita a estada para terminar a piscina da casa praiana, um sonho da família ou melhor, um sonho de Paula. 

Esse pequeno e complexo desejo de muitas famílias de classe média e classe média baixa brasileiras é o mote que deflagra uma série de conflitos familiares. A piscina, claro, nunca fica pronta por questões econômicas, o pai ausente não cobre os cheques e atrasa o pagamento dos trabalhadores. 

O grande conflito gira em torno das relações entre Paula e seus filhos, principalmente o adolescente Gustavo (Messias Góis) que está em sua fase rebelde, em busca de libertação das amarras, e se envolve com um grupo de adolescentes da cidade.  

A felicidade das coisas traz muito das memórias afetivas da diretora Thaís Fujinaga. A locação é em Caraguatatuba, litoral norte de São Paulo, no Morro do Algodão (bairro formado por casas de praia e um clube de classe média alta), onde a diretora passou vários verões durante os anos 80 e 90. Segundo Thaís “Era uma dinâmica de certa segregação: quem se hospedava no clube não se relacionava com a cidade e muito menos com o bairro. Ao longo dos anos, fiquei circulando dentro e fora daquele lugar e veio daí minha primeira inspiração. Queria explorar esse espaço e a relação de ter ou não acesso a certas coisas.” – Mulher no Cinema