Estômago II: o poderoso chef

Estômago II: o poderoso chef (Brasil, 2024), de Marcos Jorge. 

O filme abre com Don Caroglio em pé na ponta de uma grande mesa. Os convidados, todos homens, estão sentados diante de diversos pratos ainda encobertos. À medida que abre cada prato, Don Caroglio discursa sobre o poder dos alimentos e dos homens, até que pára atrás de um dos convidados e o estrangula até a morte. 

Corta para cena de Raimundo Nonato, o Alecrim, preparando alimentos na cela da prisão. Com pratos nas mãos, Alecrim caminha pelos corredores para servir aos dois mandatários do presídio: o diretor da prisão e Etcétera, líder dos presos. A harmonia dentro do presídio, administrada pelos dois, vai ser quebrada com a chegada de Don Caroglio, líder da máfia siciliana preso no Brasil. 

Estômago II narra duas tramas paralelas que se cruzam no presídio. Flashbacks contam a história do italiano Roberto, ator e cozinheiro, apaixonado por Valentina, filha de um mafioso. O espectador acompanha a transformação de Roberto no poderoso e violento Don Caroglio. No presídio, a trama segue a violenta relação entre Don Caroglio e Etcetera pela disputa do poder, com Alecrim, cozinhando para os dois lados, funcionando como uma espécie de conselheiro. 

O filme foi realizado no esquema de coprodução, contando com intérpretes brasileiros e italianos, assim como cenas gravadas nos dois países. O destaque da trama é a ascensão do pacato e apaixonado Roberto em um bandido capaz de explodir seu próprio restaurante e dizimar uma família inteira de mafiosos. Alecrim, com participação menor do que na obra original, dá o tom humorístico da película. 

Elenco: João Miguel (Raimundo Nonato), Nicola Siri (Roberto/Dom Caroglio). Violante Placido (Valentina Galante), Paulo Miklos (Etcétera), Giulio Beranek (Salvatore Galante). 

O solar dos prazeres noturnos

O solar dos prazeres noturnos (Brasil, 2024), de Matheus Marchetti. 

O filme abre com plano fechado em Rodrigo Escher (Bruno Germano) pintando um retrato. O modelo é um jovem jornalista, interessado em escrever uma história sobre Rodrigo, ex-ator mirim de sucesso que abandonou a profissão após um surto psicótico no set de um dos programas.

O próprio Rodrigo conta sua história, assumindo seus problemas psicológicos como uma herança da família. Seus antepassados foram sádicos assassinos, sua mãe sofre com delírios e alucinações, assim como sua irmã. Todos vivem enclausurados em uma suntuosa casa, onde os surtos se convertem em pesadelos de filmes de horror. 

Referências a contos de Edgar Allan Poe compõem a narrativa. As cenas de sadismo remetem ao universo sedutor dessa histórias do gênero, mesclando sangue e sexo em ousadas cenas do universo LGBTQ+. O final em aberto é outra demonstração que o cinema brasileiro contemporâneo assumiu as convenções estéticas e narrativas do gênero, com a ousadia erótica que marca nosso cinema desde a pornochanchada e o terrir de Ivan Cardoso e José Mojica Marins. 

Elenco: Com Bruno Germano, Anna Preto, Tuna Dwek, Natan Cardoso,Natt Mazzoni, Vinícius Précoma.

A colheita

A colheita (Harvest, Inglaterra, 2024), da diretora Athina Rachel Tsangari, é baseado no romance de Jim Crace. A história se passa em um período indefinido da idade média, na Inglaterra, em uma pequena área agrícola onde os camponeses vivem dos frutos da terra.  Walter Thirsk (Caleb Landry), narrador da história, presencia e reflete sobre o fim de um tempo, quando as atividades agrícolas deram lugar à privatização das terras e exploração pelos futuros latifundiários. 

A narrativa se passa praticamente em sete dias, contados a partir do momento que dois invasores são presos no pelourinho e devem cumprir a pena de uma semana. Nesse período, a colônia é tomada por incendiários, um mapeador que delimita as terras para fins políticos e econômicos, líderes da cidade que chegam para exercer seu direito à propriedade, rituais pagãos de colheita, denúncias de bruxaria, mortes e devastação. 

A direção de fotografia de Sean Price Williams destaca, na primeira parte, a beleza harmônica do convívio com a natureza dos camponeses. À medida que o horror se anuncia, o amarelo agressivo do fogo, o tom do cobre e as sombras da noite tomam conta da estética, anunciando o final lúgubre imposto pelo cruel capitalismo.    

Elenco: Caleb Landry Jones, Harry Melling, Rosy McEwen, Arinzé Kene, Thalissa Teixeira, Frank Dillane.

Bird

Bird (Inglaterra, 2024), de Andrea Arnold. 

O cenário é a decadente cidade de Kent, norte da Inglaterra. Bailey (Nikiya Adams), 12 anos, vive com o pai, Bug (Barry Keoghan), um excêntrico e psicodélico jovem que acredita que um sapo gosmento vai proporcionar o dinheiro que precisa, expelindo alucinógenos, para seu casamento. Completam a família de Bug seu filho mais velho Hunter (Jason Buda), sua namorada e a filhinha dela. Todos vivem em um prédio ocupado por diversos outros moradores também marginalizados, como uma mulher que cria cobras. 

Apesar de criança, Bailey precisa tomar atitudes e decisões adultas: ela tenta cuidar de seus três irmãos mais novos que vivem com a mãe alcoólatra, que passa por um relacionamento abusivo. A narrativa assume um tom de fábula surreal quando ela conhece Bird (Franz Rogowski), jovem errante  que está à procura de seus pais. 

A diretora Andrea Arnold é considerada uma das cineastas mais vanguardistas do cinema inglês deste século. Seus três primeiros filmes de ficção conquistaram o Prêmio do Júri no Festival de Cannes: Red Road (2006), Fish Tank (2009) e American Honey (2016).  

Bird é uma contundente crítica social, abordando temas como a marginalidade adolescente, gravidez precoce, violência doméstica. Tudo acontece aos olhos de Bailey, rebelde e ao mesmo tempo responsável o suficiente para tentar cuidar da família, incluindo seu pai disruptivo. A entrada em cena do jovem Bird, que passa os dias no alto de um prédio, é um sopro de liberdade lúdica, fabular, para a criança/adulta Bailey.

April

April (Geórgia/França, 2024), de Dea Kulumbegashvili. 

O filme começa com a imagem difusa de uma criatura disforme que se move lentamente, a tela negra, a criatura diminuta ao fundo. Ouve-se o diálogo de duas crianças enquanto a criatura se afasta até desaparecer. Cota para a cena de uma forte chuva, é o alagado mês de abril em uma província da Geórgia. 

A narrativa acompanha Nina (Ia Sukhitashvili,), obstetra que trabalha no único hospital da província. Após a morte do bebê durante um parto, Nina é acusada de negligência pelos pais da criança e passa a ser investigada pela direção do hospital. A investigação pode levar à revelação de uma prática criminosa: Nina faz abortos em mulheres abusadas sexualmente na região. 

O segundo longa-metragem da diretora Dea Kulumbegashvili aborda o conflito entre questões legais, éticas e humanas. Nina é uma profissional reconhecida no mundo médico, mas transita com uma amargura quase suicida pelas ruas enlameadas da província, disposta a ajudar as mulheres que são torturadas pela sociedade misógina e patriarcal.  

Um destaque: em tempos de supremacia digital, o filme foi filmado em 35mm, com a direção de fotografia de Arseni Khachaturian evidenciando o clima de amargura, tristeza e falta de esperança da narrativa. April conquistou o Prêmio Especial do Júri no 81º Festival Internacional de Cinema de Veneza. 

Dona Lurdes – o filme

Dona Lurdes – o filme (Brasil, 2024), de Cristiano Marques. Dona Lurdes – o filme se insere nas modernas produções transmídias, começando com a novela Amor de mão (2019), cujas variações incluem ainda o romance Diário de Dona Lurdes. Manuela Dias é a autora de todos os formatos. 

No filme, a mãe protetora interpretada por Regina Casé tem que lidar com a síndrome do ninho vazio, quando Ryan, único filho que ainda morava com ela, sai de casa. Dona Lurdes inicia uma amizade com Zuleide, sua nova vizinha, que a incentiva a buscar um novo relacionamento amoroso. 

Com diversas participações de atores e atrizes do elenco global, o filme é claramente sustentado pela atuação nonsense, irreverente e provocativa de Regina Casé. O destaque, negativo, fica por conta de um Evandro Mesquita deslocado, no papel do bom moço apaixonado Mário Sérgio. Ator e personagem não combinam, pois todo espectador sabe o que esperar do grande Evandro Mesquita quando entra em cena. 

Elenco: Regina Casé (Dona Lourdes), Evandro Mesquita (Mário Sérgio), Arlete Salles (Zuleide), Thiago Martins (Ryan), Chay Suede (Danilo), Jéssica Ellen (Camila), Nada Costa (Érica), Juliano Cazarré (Magno). 

Bogart: life comes in flashes

Em frente à casa de Humphrey Bogart, uma multidão consternada faz vigília, à espera do cortejo fúnebre do ator. Famosos atores e atrizes de Hollywood, diretores, produtores, também estão ali. Corta para cenas de filmes de Bogart, com narração em off: “É engraçado, nunca me considerei muito querido. Eu não sabia quantos amigos tinha. Não se pode trapacear para subir na vida. Tem que ser você mesmo.” 

Bogart: life comes in flashes (EUA, 2024), de Kathryn Ferguson, segue a estrutura convencional de documentário sobre grandes astros do cinema: cenas e mais cenas de filmes, imagens do ator, depoimentos de amigos, especialistas e profissionais do cinema, lembranças marcantes da quarta esposa, Lauren Bacall, gravações do próprio ator para programas de rádio e de televisão. Os depoimentos de Bogart revelam um profissional que não se escondeu atrás do sucesso, que buscava a autocrítica e não se entregava ao fracasso que o perseguiu durante anos em sua carreira de ator.  

“A depressão chegou e eu não fugi. O teatro tinha ido para o inferno e meu salário também. Ensaiei para espetáculos que foram cancelados antes que começassem. Eu fui para Hollywood. A MGM havia conseguido uma mina de ouro com Clark Gable. A Fox precisava reagir a Gable. Esse era eu. Não era bonito, mas me criaram como faziam com os bonitões há anos. Cílios postiços, batom e tal. Eu me sentia um boneco. Fiquei na Fox por um ano e fiz cinco filmes. Não foi surpresa não terem renovado meu contrato. Foi quando fiz as malas e fui à Broadway de novo. Na época, eu estava convencido de que nunca teria sucesso no cinema.”

Na Broadway ele atuou em sete peças consecutivas de sucesso, mas em nenhuma tinha um papel importante. A Warner Bros comprou os direitos para adaptar A floresta petrificada, uma dessas peças, e Bogart acabou conseguindo o papel do assassino na história. “Acho que se eu não tivesse recebido o papel de Duke Mantee, eu estaria fora do cinema. Isso marcou a minha libertação dos engravatados elegantes e impecáveis, aos quais eu parecia estar condenado,”

Entre 1936 e 1937, Humphrey Bogart fez vários filmes para a Warner. O ator era praticamente obrigado a aceitar os papéis impostos pelos produtores, sob o comando de Jack Warner. Caso recusasse, recebia intimações e ameaças dos advogados da empresa. Era o sistema de estúdios de Hollywood. 

“Fiz pesos pesados em Hollywood por oito ou nove anos. Fui o alvo de Cagney, Raft, Robinson, de todo mundo. Os gângsteres que interpretei são todos iguais. Quase dá pra fazer um índice das falas deles. Nos meus primeiros 34 filmes, fui baleado em 12, eletrocutado ou enforcado em oito e preso em nove. Sempre acabava morto e nunca ficava com a garota.”

Entre esses filmes, estava A volta do Dr. X (1939), no qual Bogart interpreta um médico trazido de volta à vida que se alimentava de sangue. “Se tivesse sido o sangue de Jack Warner, não me importaria. O problema é que estavam bebendo o meu e eu estava fazendo esse filme horrível. Você percebe que está olhando para um ator que fez mais filmes ruins do que qualquer outro na história?.”

A virada na carreira, depois de cerca de vinte anos de fracassos e um ou outro sucesso, aconteceu devido a amizade de Bogart com um roteirista da Warner. John Huston já havia escrito um filme interpretado pelo ator, Seu último refúgio (1941). Em sua estreia como diretor, Huston levou o detetive Sam Spade, sucesso da literatura pulp-fiction, para o cinema. “A intenção era que George Raft o interpretasse. Mas ele recusou, pois não queria confiar a sua carreira a um diretor jovem. A alguém que nunca tinha dirigido. E Bogart, para meu deleite secreto, foi o substituto. Esse filme deu início a uma carreira nova para Bogie.” – John Huston

O falcão maltês (1941) foi o primeiro filme de detetive particular e um dos filmes marcantes do início de um dos estilos de cinema mais consagrados de Hollywood: o cinema noir. No entanto, Bogart precisou de mais um papel para se tornar um dos maiores e mais queridos astros de todos os tempos: Rick Blaine, dono de um bar no Marrocos durante a Segunda Grande Guerra.  

Casablanca consagra Bogart como astro. Ele recebe a validação que todo verdadeiro astros de destaque precisa ter, que é o protagonismo romântico. As pessoas tinham dúvida se ele conseguiria fazer a transição ao protagonista romântico sonhador.” – Thomas Doherty

Nenhum espectador ou crítico teve dúvidas disso ao ver o filme. Depois de Casablanca (1942), Bogart protagonizou uma série de clássicos: Ter ou não ter (1944), À beira do abismo (1946), O tesouro de Sierra Madre (1948), No silêncio da noite (1950), Uma aventura na África (1951), A condessa descalça (1954), Sabrina (1954).

Humphrey Bogart tinha 43 anos quando protagonizou Casablanca e 52 anos quando conquistou o Oscar de Melhor Ator pelo filme Uma aventura na África. Poderia ser protagonista também da célebre campanha O homem de 40 anos, criada por Washington Olivetto em 1974 – primeira peça publicitária brasileira a ganhar o Leão de Ouro em Cannes. O filme, que combate o etarismo, mostra imagens, acompanhadas por um texto poderoso, de personalidades históricas de várias áreas que fizeram sucesso depois dos 40 anos. 

Um dia de cada vez

Um dia de cada vez (Day by day, Taiwan, 2024), de Wang Yan-ping. 

Os curtas da diretora Wang Yan-ping retratam instigantes momentos do cotidiano dos taiwaneses, na maioria jovens em busca de suas identidades. Em Um dia de cada vez, o pai busca integrantes de sua família em seu carro novo. Primeiro a filha, que demonstra desinteresse pela novidade. A seguir o filho caçula, que grita e protesta no banco de trás. Por fim, a esposa e o terceiro filho, que sofre com deficiências cognitivas. 

O trajeto para casa, quando vão se despedir do carro antigo, apelidado de amarelinho, é marcado por embates, rupturas e reconciliações, cada um envolto com seus próprios conflitos. A exceção do pai, o carro novo, com teto solar e dispositivos modernos, parece não encantar ninguém. O final, quando  a família se despede do amarelinho é um breve momento de ternura entre eles. 

Elenco: Com Duan Chun-hao, Tiffany Anais Lin, Wei-Che Tu, Yun-Chen She, Deng Chiu Yun.

O quarto ao lado

Em O quarto ao lado (The room next door, Espanha, 2024), Pedro Almodóvar se debruça em um tema sempre polêmico e que tem sido motivo de debates e reflexões, tanto na arte como na sociedade: o direito à eutanásia. 

Martha (Tilda Swinton), jornalista e ex-correspondente de guerra, sofre com um câncer terminal. No hospital, ela recebe a visita da amiga Ingrid (Julianne Moore). As duas estavam afastadas há algum tempo e retomam o relacionamento. Ingrid passa a acompanhar Martha em seu dia-a-dia, ajudando-a em seus procedimentos médicos, mas é surpreendida com uma proposta: Martha decide pela eutanásia, ingerindo uma pílusa adquirida no mercado negro da internet (a eutanásila é proibida nos EUA) e deseja que a amiga a acompanhe sem seus dias finais. 

Almodóvar adaptou o romance O que você está enfrentando, de Sigrid Nunez. Ingrid é uma escritora, acabou de publicar um romance cujo tema é o medo da morte. Quando se mudam para a casa escolhida por Tilda para o ato final, Ingrid ocupa “o quarto ao lado” e tenta se preparar, enfrentando seus medos mais devastadores. 

Durante o Festival de Cinema de Veneza, Pedro Almodóvar declarou que o filme é uma forma de comunicar sua convicção a favor da eutanásia: “Deveria ser possível ter isso em todo o mundo. Deveria ser regulamentado, o parecer do médico deveria ser suficiente.”

Dahomey

Dahomey (França/Senegal, 2024), de Mati Diop, abre com plano fechado em miniaturas de Torres Eiffel piscando as luzes, dispostas em um tecido em alguma calçada de Paris – trabalho de rua de muitos africanos, oriundos talvez de ex-colônias da França no continente. Entra lettering sobre imagem do Rio Sena à noite: “9 de novembro de 2021. 26 tesouros reais do Reino de Daomé devem deixar Paris, retornando à sua terra de origem, a atual República do Benim. Estes artefatos estavam entre os milhares saqueados pelas tropas coloniais francesas durante a invasão de 1892. Para eles, 130 anos de cativeiro estão chegando ao fim.”

O documentário acompanha a trajetória desses artefatos: o empacotamento no museu, o desembarque das peças na República do Benim, o esforço de colocá-las em um lugar que não representasse exatamente um museu, mas sim um local onde os habitantes pudessem transitar entre seus antigos símbolos roubados. Grande parte do documentário abre espaço para um debate entre pesquisadores, estudantes, membros de tribos, sobre o significado do retorno dos artefatos e, sobretudo, sobre a imposição cultural francesa – incluindo a substituição da língua nativa pelo francês – durante o período de colonização/escravidão. 

Volto ao início do filme, quando uma voz em off, sobre tela negra, reflete sobre o longo período de cativeiro, de exílio. Em outros momentos, essa voz volta à narrativa: é o lamento de um dos desterrados que viveu mais de um século na escuridão. 

“Desde que me conheço por gente, nunca houve uma noite tão profunda e opaca. Aqui, essa é a única realidade possível. O início e o fim. Viajei por tanto tempo, na minha mente, mas esse lugar estranho era tão escuro que me perdi em meus sonhos, unindo-me a essas paredes. Isolado da terra onde nasci, como se estivesse morto. Há milhares de nós nesta noite. Todos temos as nossas cicatrizes. Desenraizados. Arrancados. Espólios do enorme saque. Hoje, é a mim que escolheram, como sua melhor e mais legítima vítima. Eles me chamaram de 26. Não 24. Não 25. Não 30. Só 26.”