
A erva do rato (Brasil, 2008), de Júlio Bressane e Rosa Dias.
São apenas dois personagens em cena durante todo o filme, enclausurados em uma casa perto do mar. Os dois, seus nomes nunca são revelados, se conhecem em um cemitério e o jovem, num rompante, diz que vai cuidar da jovem durante toda a vida.
Em casa, ele lê histórias que ela nota rapidamente. Mais tarde, começam um jogo erótico de fotografias: ele a fotogrando primeiro vestida, depois nua, em poses sensuais, incluindo foco explicíto em suas partes íntimas. Quando um rato começa a destruir as fotografias, a narrativa ganha ainda mais um tom sombrio, deprimente, com leituras simbólicas e metafóricas.
Júlio Bressane, pai do cinema marginal ao lado de Rogério Sganzerla, adaptou de forma livre dois textos de Machado de Assis: Um esqueleto e A causa secreta. Selton Mello e Alessandra Negrini praticam um verdadeiro tour de force de interpretação minimalista, com diálogos frios, mas repletos de insinuações, gestos que denotam uma distância respeitosa, mas plenos de erotismo. Pode-se dizer o mesmo do rato, que transita entre os dois despertando fúria e entrega ao destino – anunciando a erva do rato.








